domingo, 20 de novembro de 2011





                                       


















 SÓCRATES E PAULO FREIRE: POR UMA ‘PEDAGOGIA’ DO DIÁLOGO

Danilo Sergio Pallar Lemos — Católica de Uberlândia

O pensamento de Sócrates encontra-se fundamentado na perspectiva de que o ser humano possui uma realidade interior mais significativa que a realidade do corpo. Essa realidade Sócrates denominou de Alma. É nela que se encontra todo o conhecimento. Contudo, o homem para entrar em contato, com este saber precisa entrar em contato consigo mesmo, pela via da reflexão. Neste sentido é que o processo de recordar, em Sócrates refere-se a uma estrutura unificadora de tudo o que há para recordar. É esta característica estrutural do saber que se encontra expressa no encadeamento das noções, que a teoria da reminiscência evidencia.
Num primeiro momento na obra Menon, o dialogo inicia-se com perguntas sobre a natureza da virtude e termina com a controvertida questão da relação entre opinião e saber. Para ele, o conhecimento verdadeiro (o saber) se dá pelo acesso à essência humana, ou seja, a alma. Ela é a sede de todo o conhecimento. Já a opinião, é fruto da s impressões, da realidade mutável, do corpo, do mundo dos sentidos.
Assim, para Sócrates, o confronto oral que opõe os interlocutores com o intuito de, pelo diálogo, avaliar a consistência das respostas dadas pelos seus interlocutores. Além disso, o diálogo tinha a função de levar o interlocutor a rememorar o conhecimento já existente em sua alma. Para Sócrates, o diálogo é fundamental para retirar da alma dos interlocutores o conhecimento que este ainda não sabia que possuía.
Esta obra do Menon exemplifica como o novo método dialógico pode ser importante para evidenciar como o conhecimento pode ser produzido e transmitido, instituindo uma relação formal de ensino-aprendizagem.
Contudo, não podemos esquecer que o diálogo é um elemento nivelador da busca na essência humana, com o intuito de evidenciar as características básicas , o princípio unificador que constituirá a natureza humana.

2 Paulo Freire: a questão do diálogo

Os períodos antecedentes ao método e a visão Freireiana, são de repressão, pois é a herança do período da educação Jesuítica, que formou o nosso processo educativo, onde o professor impunha e o aluno seguia as normas, sendo apenas receptor. Um período onde não havia dialogo, liberdade de decisão, opiniões e idéias defendidas pelos alunos, o conhecimento é caracterizado inato, só alguns o possuíam e tinham a condição de absorvê-lo. Portanto a tendência tradicional era repressora causando uma educação que era influenciada e não influenciadora; produzindo critica e não criticidade. Neste caos educacional, surge Paulo Freire, com uma proposta de uma “educação libertadora”, para causar um novo enfoque a valorização da criticidade, como elemento produtor de uma “consciência critica” e esta ação causadora de uma liberdade temida pelo sistema. Pois, para este autor “Não poderá a consciência critica conduzir a desordem?”  (Freire, 1984, p.11)                          
O sistema tem temor pela manifestação consciente, da sua participação e valorização, o questionamento é produtor de confrontos, onde os dominantes nem sempre estão prontos para a refutação as suas defesas; surgindo assim as represálias aos que conhecem e que inculca na massa o conhecimento. As descobertas produzidas pelo conhecimento podem trazer certos conflitos existenciais, mas é preciso, pois abri uma nova oportunidade, a de vir a existir ocupando um espaço. A conscientização mesmo evidenciando uma conquista de um espaço, causa uma ameaça ao sistema, portanto muitos ao conquistá-la, preferem não torná-la perceptível, não lutando por sua emancipação, mas sujeitando-se ao silencio, para o direito às vezes ate a própria vida.   É preciso enxergar a liberdade, como uma conquista possível de todos os proletários, pois todos têm o direito ao senso critico; quebrando assim os paradiguimas dos princípios das classes dominantes. Vindo a incorporar o radicalismo, pois a radicalização é construtora de ideologias, que no divergir com a ortodoxia do sistema, visualiza um novo circulo de vida para a classe dominada, a de defesa e lutas pelos seus ideais. Sair de um sectarismo é um impasse muitas vezes para quem se apóia em uma segurança aparente, o revolucionário é um sonhador? Não, mas sim alguém que defende os direitos de manifestação verbal, como uma oportunidade para se construir o progresso de uma sociedade. Paulo Freire (1984, p.16) nos alerta para que  “Só o poder que nasça da debilidade dos oprimidos será suficientemente  forte para libertar a ambos”.
Os considerados fracos ou insuficientes podem fortalecer-se apartir de uma consciência das possibilidades que pode produzir o conhecimento e as descobertas das realidades que lhe são excluídas, pelo sectarismo. A manifestação de uma classe conhecedora de seus direitos é temida, por isso que o conhecimento é reprimido pelos que tem o domínio e costumam monopolizar a sociedade. O educador assim não deve impor, mas sim compor e construir ideais em uma classe, não limitar a esfera do saber, mas apresentar elementos que produzam um aperfeiçoamento, uma nova concepção de visibilidade, a de uma proposta emancipadora, pois que desenvolve sua intelectualidade se emancipa, surgindo assim um novo Ser, um humano que argumenta, por que sabe questionar, possuidor de convicções. Deste modo, a “liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige uma permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz”. (Freire, 1984, p.17)

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