sábado, 25 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO GLOBAL



Nos últimos anos, as políticas neoliberais têm dedicado grande importância à educação para criar e sustentar sua hegemonia sobre outras ideologias, que com elas disputam um projeto de educação e de sociedade. A construção dessa hegemonia passa pela mudança do senso comum, especialmente no que se refere à transformação radical dos significados, categorias, conceitos e discursos que conferem um determinado sentido à realidade. Essa transformação do campo semântico modifica substancialmente tanto as possibilidades de leitura e compreensão da realidade, como também de intervenção na mesma.
Procuramos, então, entrevistar professoras que atuam em salas de aula dos anos iniciais do Ensino Fundamental das Escolas Públicas do Município do Rio de Janeiro. Essa opção decorre da sua representatividade no universo pesquisado.
Nesse sentido, o presente trabalho analisa o significado e o alcance do neoliberalismo para a educação pública, como esse processo estaria atingindo esse professorado, e quais as representações que esse grupo social está construindo a respeito de algumas dessas mudanças. 
 O diálogo entre teoria-metodologia-empiria nos fez perceber que as narrativas das professoras precisavam ser articuladas a determinadas referências que dessem conta do movimento dialético de construção do senso comum no sentido de captar, nos seus elementos constitutivos, tanto a penetração do ideário neoliberal como a emergência dos seus contrários.
A pesquisa foi realizada com professoras das Escolas Públicas do Município do Rio de Janeiro, que possui a maior rede de ensino municipal da América Latina com 1.033 escolas, 670.000 alunos, 34.000 professores e 12.000 funcionários. Essas escolas foram agrupadas de acordo com o bairro onde estão localizadas, em 10 (dez) Coordenadorias Regionais de Educação – CRE.
A natureza da pesquisa permitiu uma opção metodológica que privilegia os aspectos qualitativos, sendo desenvolvida em dois momentos diferenciados. De início necessitávamos entrevistar um grupo maior de professoras que respondessem, o mais amplamente possível, a uma variedade de questões ligadas à temática da pesquisa. A seguir, sentimos necessidade de trabalhar com um grupo menor de professoras a partir da própria fala destas, com as quais tivéssemos contatos diretos.
No primeiro momento da pesquisa trabalhamos com entrevistas individualizadas (focalizadas) realizadas por meus alunos da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, em 1999.
Alguns critérios nortearam a escolha do grupo a ser entrevistado. Optamos por entrevistar somente professoras por considerarmos a sua representatividade no universo pesquisado. Essas professoras deveriam estar nas escolas públicas, pelo menos, ha 5 (cinco) anos em salas de aula, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
As entrevistas foram aplicadas aleatoriamente, sem a preocupação de uma representação estatística. Nesse sentido, as entrevistas não cobrem todo o universo de escolas públicas do Município do Rio de Janeiro e nem se restringiram a uma determinada região. Verificamos, porém, que as escolas onde as professoras trabalham se localizam em 16 (dezesseis) bairros ligados a nove das dez Coordenadorias Regionais de Educação - CRE da Secretaria Municipal de Educação - SME do Município do Rio de Janeiro - RJ.
Após essa etapa de entrevistas individualizadas optamos, num segundo momento, por um pequeno grupo de discussão para minimizar alguns dos efeitos das entrevistas focalizadas, criando uma situação mais próxima, face a face.A partir das questões selecionadas nas narrativas do primeiro momento da pesquisa optamos por trabalhar, pessoalmente, com um grupo menor de professoras através de encontros ou reuniões para aprofundar nossa reflexão sobre os temas propostos e/ou complementar visões consideradas parciais. Utilizamos, como técnica de coleta de dados, a entrevista semi-estruturada coletiva com um pequeno grupo de professoras (discussão em grupo), em 1999.
Para uma melhor visualização dos dois grupos de professoras com as quais trabalhamos, em dois momentos diferenciados, foi elaborado o quadro, que se segue. As professoras foram indicadas por pseudônimos por nós atribuídos.





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