0 que se objeta, porem, a obscuridade da filosofia profunda e abstrata não e simplesmente que seja penosa e fatigante, mas que seja fonte inevitável de erro e incerteza. Aqui, de faro, repousa a objeção mais justa e plausível a uma parte considerável dos estudos metafísicos: que eles não são propriamente uma ciência, mas provem ou dos esforços frustrados da vaidade humana, que desejaria penetrar em assuntos completamente inacessíveis ao entendimento, ou da astucia das superstições populares que, incapazes de se defender em campo aberto, cultivam essas sarças espinhosas impenetráveis para dar cobertura e proteção a suas fraquezas. Expulsos do terreno desimpedido, esses salteadores fogem para o interior da floresta e la permanecem a espera de uma oportunidade para irromper sobre qualquer caminho desguarnecido da mente e subjuga-lo com temores e preconceitos religiosos. Mesmo o mais forte antagonista, se afrouxar sua vigilância por uns instante, sera sufocado. E muitos, por loucura ou covardia, abrem de bom grado os portões aos inimigos e os recebem como seus legítimos soberanos, com reverencia e submissão.
Mas sera essa uma razão suficiente para que filósofos devam desistir de tais pesquisas e deixar a superstição na posse de seu refugio? Não seria apropriado chegar a conclusão oposta e reconhecer a necessidade de levar a guerra ate os mais secretos redutos do inimigo? Em vão esperáramos que os homens, em face dos frequentes desapontamentos, viessem por fim a abandonar essas etéreas ciências e descobrir a província apropriada da razão humana. Pois, alem do faro de que muitas pessoas sentem um considerável interesse em voltar permanentemente a esses tópicos, alem disso, eu digo, o desespero cego não pode razoavelmente ter lugar nas ciências, dado que, por mais malsucedidas que tenham sido as tentativas anteriores, sempre se pode esperar que a dedicação, a boa fortuna ou a sagacidade aprimorada das sucessivas gerações venham a realizar descobertas que épocas passadas ignoraram.
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