quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A RADICALIDADE DA PEDAGOGIA




     A pedagogia radical surgiu com todo o vigor como parte da nova sociologia da educação na Inglaterra e nos Estados Unidos há mais de uma década, e como resposta crítica ao que pode ser chamado de maneira geral de ideologia da prática educacional tradicional. Preocupada com o imperativo de questionar a suposição dominante de que as escolas são o principal mecanismo para o desenvolvimento de uma ordem social democrática e igualitária, a teoria educacional crítica determinou-se a desvelar como a dominação e a opressão são produzidas dentro dos diversos mecanismos de escolarização. Em vez de aceitarem a noção de que as escolas são veículos de democracia e mobilidade social, os críticos educacionais problematizam tal suposição. Sendo assim, sua principal tarefa política e ideológica é desvelar como as escolas reproduzem a lógica do capital através das formas materiais e ideológicas de privilégio e dominação que estruturam as vidas e crie estudantes de diversas classes, gêneros e etnias. Os críticos radicais, de modo geral, concordam que os tradicionalistas educacionais geralmente recusam-se a interrogar a natureza política do ensine público. Na verdade, os tradicionalistas fugiram totalmente da questão através da tentativa paradoxal de despolitizar a linguagem do ensino e ao mesmo tempo reproduzir e legitimar as ideologias capitalistas. 
     A expressão mais óbvia desta visão pode ser vista no discurso positivista que definia e ainda define a política e pesquisa educacional predominante, e que ter como preocupações mais importantes o domínio de técnicas pedagógicas e a transmissão de conhecimento instrumental para a sociedade existente. Na visão de mundo dos tradicionalistas, as escolas são simplesmente locais de instrução. Ignora-se que as escolas são também locais políticos e culturais, assim como a noção de que elas representam áreas de acomodação contestação entre grupos econômicos e culturais diferencialmente fortalecimentos no ponto de vista da teoria educacional crítica, os tradicionalistas omitem importantes questões referentes às relações entre conhecimento, poder e dominação.  A partir dessa análise surgiram uma nova linguagem teórica e tipo de crítica que argumentam que as escolas não oferecem oportunidades dentro da ampla tradição humanista ocidental para fortalecimento do self e do social na sociedade como um todo. Em oposição à posição tradicionalista, os críticos esquerdistas oferecem argumentos teóricos e evidências empíricas para sugerir que as escolas são, na verdade, agências de reprodução social, econômica e cultural. Na melhor das hipóteses, a escola pública oferece mobilidade individual limitada aos membros da classe trabalhadora e outros grupos oprimidos, mas é um poderoso instrumento para a reprodução das relações capitalistas de produção e ideologias legitimadoras dominantes dos grupos governantes.

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