Tal como Marx indicou, o caráter utópico das concepções de Owen
e Fourier consiste em não permitir mostrar os reais fatores sociais da transformação
que se desprende do desenvolvimento das forças produtivas e da força crescente
do proletariado e que, por esta razão, conduz a procedimentos fantásticos, como
a adequada educação durante a infância, o trabalho de persuasão, o
esclarecimento dos homens acerca da essência da sua natureza, a propaganda e o
exemplo. A contradição essencial destas concepções consiste em que não permitem
ver como se pode preparar, nas antigas relações sociais, um futuro feliz e
justo, como, em relações que desmoralizam os homens, se pode educar uma nova geração
de homens livres, bons e racionais.
Os utópicos - especialmente
Owen-destacaram claramente o papel que desempenha o meio ambiente na educação
do homem. Tinham de o sublinhar, porque queriam mostrar como o meio ambiente
faz degenerar o homem. Fizeram-no também, no entanto, para se diferenciarem das
«ideias inatas» e de todo o tipo de farisaísmo moralizante que propõe aos homens
a exigência de serem «bons», sem ter em conta as relações materiais de vida
existentes. Mas e se destacar do papel do ambiente, que em Owen conduz a completa negação da influência da vontade humana no caráter do
homem e nas suas concepções, convertia o processo da educação no resultado fatalista
do ambiente existente e tornava impossível qualquer trabalho educativo,
especialmente no que devia, pelos seus resultados, mudar o ambiente existente. Só
restava, portanto, o chamamento a razão e boa
vontade, do governo, que podia mudar a sociedade através da educação.
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