quarta-feira, 19 de agosto de 2015

LACAN O INCONSCIENTE E A PERCEPÇÃO

   Os fenômenos perceptivos e sua estrutura merecem um trabalho extremamente preciso, minucioso, pois são uma das peças principais de qualquer concepção do que é chamado de objetividade.
   A questão da percepção e de seus distúrbios atravessou séculos de filosofia, evidentemente com transformações, sobretudo com a grande guinada que foi o surgimento da ciência  a verdadeira, a física, a qual, no dizer de Lacan, cortou todas as amarras com o problema da percepção. A partir do aparecimento da ciência, a questão da percepção refugiou-se nas chamadas ciências humanas, especialmente a psicologia e a psiquiatria sem esquecer, é claro, as ciências do organismo e, em particular, as neurociências. Nossa questão é saber em que medida os problemas da percepção dizem respeito ao psicanalista. Seria mais compreensível serem da alçada do psiquiatra, porque, no fundo, este lida com o que a consciência comum continua a chamar de “o louco”, e o próprio Lacan não hesitava em chamá-lo dessa maneira.O louco é justamente alguém que vê, escuta e acredita em coisas que todos os outros, os supostos não-loucos, estão prontos a dizer que não existem, porque eles não as vêem, não as escutam e não acreditam nelas. Nesse sentido, evidentemente, a existência do louco não deixa de ser o que quase poderíamos chamar de um insulto, ou, pelo menos, um questionamento do que Merleau-Ponty chamou, em O visível e o invisível,

Nenhum comentário:

Postar um comentário