quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A LÓGICA MANIQUEÍSTA NO UNIVERSO ESCOLAR


      É importante também ressaltar que a escola, ao reforçar a lógica maniqueísta da sociedade, apresenta-se como um espaço de negação humana. Levando, assim, àquele que se encontra aquém do padrão imposto socialmente a se padronizar, como se quem foge à regra fosse uma ameaça aos outros indivíduos. Na tentativa de combater as diversas formas que a violência se configura no âmbito escolar, faz-se necessária a experiência com os alunos que apresentam deficiência. Sendo assim, o professor se permitirá na escola conhecer as diferenças dos alunos ao compartilhar experiências nas salas de aula e, consequentemente, desenvolver a consciência crítica sobre as contradições das relações sociais também presentes no cotidiano escolar. Outro fator importante na inclusão de alunos com deficiência na escola pública é a oportunidade do convívio com colegas sem deficiência, fazendo com que se percebam indivíduos capazes de desenvolver suas dimensões social, psíquica, biológica e laboral. Então, devem ser oferecidos os meios para a organização da escola democrática com vistas à aprendizagem que tenha como eixo norteador a experiência entre as subjetividades, ou seja, professores e alunos, com/sem deficiência, aprendendo juntos.Portanto, cabe questionar quanto à formação de professores para a inclusão escolar: como é possível pensar uma educação que se volte às diferenças físicas, cognitivas, e sensoriais dos alunos se seu enfoque é na homogeneização? Como pensar uma educação inclusiva sem reconhecer as diferenças dos alunos como sendo parte de sua subjetividade? E como pensar uma sociedade democrática com a manutenção de escolas cindidas entre regulares e especiais? No enfrentamento de tais indagações, Adorno (2000) apresenta como alternativa pensar a formação do indivíduo para além da adaptação e reprodução da sociedade de classes e para a desbarbarização da escola pela educação na busca da superação dos modelos sociais, educacionais e pedagógicos homogeneizadores. Quanto a isso, Crochík (2009, p. 23) remete-se ao referido autor, afirmando “[...] Adorno propõe que a educação vise à autonomia, à emancipação. Assim, é necessário que se volte às contradições sociais e não tentar negar sua existência; para isso deve, sobretudo, ser uma educação política.” Isso implica pensar a escola, como local de formação de seres críticos e pensantes, ou seja, capazes de se contrapor às tentativas de manipulação e dominação imposta pela sociedade de classes aos indivíduos, mesmo considerando-se ainda não ser possível negar a lógica capitalista, mas com possibilidades de problematizá-la e enfrentá-la com a concepção democrática de educação.

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